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Drawing Dreaming: Le Havre não é Paris ou como me apaixonei por esta cidade costeira no Norte da França

segunda-feira, janeiro 23, 2017

Le Havre não é Paris ou como me apaixonei por esta cidade costeira no Norte da França

Drawing Dreaming - Guia de visita de Le Havre, Normandia

Le Havre não é Paris. E é por isso que me apaixonei por esta cidade.
Mas recuemos no tempo. Foi numa praia que percebi o quanto gostava de Le Havre. Tenho a certeza que ao ler “praia” o vosso cérebro vos levou para imagens paradisíacas que incluem areia fina, palmeiras e água azul cristalina, mas Le Havre não é assim. Estamos em Abril e eu estou sentada numa praia de calhaus a envergar nada mais nada menos que uma doudoune (um espesso casaco que no meu caso inclui um capuz com pêlo e que me faz parecer alguém que saiu de um anúncio aos pneus Michelin). É neste quadro normando que tive o que se poderia chamar de uma epifania e, fazendo minhas as palavras de José Carlos Malato, soube que um dia poderia dizer “já fui muito feliz aqui”. Até hoje procuro explicar o porquê do Havre me ter encantado tanto, o porquê deste coup de foudre por esta cidade costeira do Norte de França.

Drawing Dreaming - Guia de visita de Le Havre, Normandia
Drawing Dreaming - Guia de visita de Le Havre, Normandia
Drawing Dreaming - Guia de visita de Le Havre, Normandia

Até aqui a minha ideia do Havre resumia-se às noções básicas dos livros de História, a de que esta cidade era um havre ou porto, totalmente destruída durante a II Guerra Mundial. E, apesar das fracas expectativas terem ficado ainda mais baixas perante o ar estupefacto dos meus amigos franceses quando lhes disse que ia passar a minha folga no Havre (sim, eu bem sei que não está no topo dos destinos franceses), não hesitei em entrar num autocarro para algumas horas depois desembarcar nesta cidade da Alta Normandia
Se ao sair na estação rodoviária o tempo me pregou uma partida, a chuva não me fez desistir de explorar esta até então para mim desconhecida cidade. Acabei por ser recompensada já que com o avançar da manhã fui presenteada com um sol ameno que já não via há muito tempo. Em retrospectiva, suponho que o dia que passei no Havre tenha sido o único no qual tive direito a sol na eternamente chuvosa Normandia, o que talvez fosse um sinal de que me iria mesmo perder de amores por esta cidade. 
Mais tarde dei por mim na praia e talvez seja o cheiro a mar ou o ruído das tão barulhentas gaivotas que me rodeiam e que começam a irritar os transeuntes à minha volta, mas é aqui que percebo que gosto desta cidade porque me faz sentir em casa. Ou quase. Não, não é que eu esteja a comparar Le Havre a uma qualquer cidade portuguesa, mas a verdade é que Paris, por muito bonita que seja, é Paris. Paris pode até ser o seu charme, a sua música de acordeão tocada vezes sem conta no metro, as margens do Sena pelas quais nunca nos cansamos de deambular ou uma luz nocturna que a torna única. E sim, eu amo Paris, mas se há coisa que viver aqui me ensinou é que por baixo desta camada de glamour, Paris também é cinzenta com os seus dias intermináveis de chuva, com os seus habitantes isolados em studios de meros metros quadrados e transportes públicos cheios de pessoas taciturnas. Estou em Le Havre e há um je ne sais quoi que me faz sentir que ou entrei num quadro de Monet ou numa canção em que Charles Trenet percebe tão bem quanto eu que “o mar acalentou o meu coração para toda a vida”.
Porque Le Havre não é Paris. Le Havre é um porto, é o mar e muito mais.

Drawing Dreaming - Guia de visita de Le Havre, Normandia
Drawing Dreaming - Guia de visita de Le Havre, Normandia

Le Havre é a carta de amor ao modernismo escrita pelo arquitecto August Perret, a prova viva de que até uma cidade bombardeada pode renascer das cinzas. 
Le Havre foi a cidade francesa que pagou o custo mais elevado pela sua libertação durante a Segunda Guerra Mundial: mais de 90% da cidade foi deixada em ruínas, com um total de 12.500 edifícios destruídos, 5000 civis mortos e 80.000 pessoas desalojadas. Após a guerra, iniciaram-se os planos de reconstrução do Havre, a qual ficaria a cargo de Auguste Perret, tendo este o desafio de projectar uma cidade praticamente do zero. Com um orçamento mínimo e opções limitadas de materiais, a solução de Perret viria a valer-lhe o nome de Poeta do Betão, já que a utilização deste material flexível, facilmente transportável e misturável no local, permitiu ter como resultado um modelo de planeamento urbano moderno que levaria à emergência de um centro da cidade diferente de qualquer outro na França com estradas largas e edifícios sólidos e vanguardistas. Isto valeu à cidade o reconhecimento como Património Mundial da UNESCO em 2005, denominação que é por si só um enorme peso, mas da qual esta nova cidade em betão sabe tão bem se defender.

Drawing Dreaming - Guia de visita de Le Havre, Normandia - Église Saint-Joseph
Drawing Dreaming - Guia de visita de Le Havre, Normandia - Église Saint-Joseph
Drawing Dreaming - Guia de visita de Le Havre, Normandia - Église Saint-Joseph
Drawing Dreaming - Guia de visita de Le Havre, Normandia - Église Saint-Joseph

  • No Havre poderão visitar a église saint joseph, uma igreja cujo exterior transmite uma sensação industrial, mas cuja torre de vidro colorido em padrões geométricos deixa entrar uma luz de tal forma bonita no interior que, acreditem, mesmo os não crentes como eu não vão deixar de aperceber aquele sentimento de elevação espiritual que tenho a certeza que era o objectivo do arquitecto aquando da sua projecção. Numa cidade que é literalmente um “porto”, este é para mim o seu farol, até porque este monumento é o ícone que apercebemos logo à chegada ao Havre, seja ela por terra ou mar.
Drawing Dreaming - Guia de visita de Le Havre, Normandia - Museu André Malraux
Drawing Dreaming - Guia de visita de Le Havre, Normandia - Museu André Malraux
Drawing Dreaming - Guia de visita de Le Havre, Normandia - Museu André Malraux

  • Le Havre tem ainda aquele que é um dos maiores museus impressionistas da França, o musée andré malraux, cuja localização costeira e a própria luz nos relembram o porquê de esta zona da Normandia ter inspirado tantos pintores, muitos dos quais se encontram aqui representados nas colecções do museu, as quais incluem obras de Monet, Renoir, Pissarro, Degas, Sisley ou ainda Eugène Boudin, pintor normando que tantas vezes pintou as paisagens da cidade.
Drawing Dreaming - Guia de visita de Le Havre, Normandia
Drawing Dreaming - Guia de visita de Le Havre, Normandia
Drawing Dreaming - Guia de visita de Le Havre, Normandia
Drawing Dreaming - Guia de visita de Le Havre, Normandia
Drawing Dreaming - Guia de visita de Le Havre, Normandia
Drawing Dreaming - Guia de visita de Le Havre, Normandia
Drawing Dreaming - Guia de visita de Le Havre, Normandia
Drawing Dreaming - Guia de visita de Le Havre, Normandia

  • O encanto de Le Havre está ainda em caminhar por SAINTE-ADRESSE, antiga vila de pescadores no sopé de penhascos, estância balnear a qual ficou conhecida como "Nice do Havre" depois de se ter tornado popular ao atrair grandes nomes da pintura com as suas paisagens de belas praias e casas à beira-mar. Aqui nada melhor do que ver os praticantes de kitesurf que enchem a praia, andar de bicicleta à borda da marina e tentar identificar a que país corresponde cada bandeira representada.
Drawing Dreaming - Guia de visita de Le Havre, Normandia
Drawing Dreaming - Guia de visita de Le Havre, Normandia
Drawing Dreaming - Guia de visita de Le Havre, Normandia
Drawing Dreaming - Guia de visita de Le Havre, Normandia
Drawing Dreaming - Guia de visita de Le Havre, Normandia
Drawing Dreaming - Guia de visita de Le Havre, Normandia

  • Das praias resolvi fazer a subida íngreme até à colina do antigo forte de Sainte-Adresse para visitar os jardins suspendus, um belíssimo parque murado de 10 hectares com quatro jardins paisagísticos que evocam a flora da América do Norte, da Ásia Oriental e Oceânia, prestando igualmente homenagem aos exploradores contemporâneos. Aqui encontrarão estufas cheias de tesouros desde plantas aromáticas a flores usadas no paisagismo da cidade. O melhor de tudo? A magnífica vista para a Baía do Sena, o mar, o porto e a cidade!
Drawing Dreaming - Guia de visita de Le Havre, Normandia - Hôtel de Ville
Drawing Dreaming - Guia de visita de Le Havre, Normandia - Hôtel de Ville
Drawing Dreaming - Guia de visita de Le Havre, Normandia - Hôtel de Ville
Drawing Dreaming - Guia de visita de Le Havre, Normandia - Hôtel de Ville

  • No centro da cidade é impossível passar ao lado do icónico hôtel de ville ou câmara municipal do Havre, edifício construído sob os planos de Auguste Perret e cuja torre culmina a uns impressionantes 72 metros de altura. A fachada sul abre para uma praça com um jardim francês que nos motiva a parar por momentos e sentar num banco a observar os locais que passam por nós, saindo apressados do tramway ou pura e simplesmente anseando por finalmente entrar neste moderno elétrico. Sentar num banco de jardim implica ainda admirar as magníficas fontes da praça, as quais merecem por si só ser observadas a qualquer altura do dia mas se revelam ainda mais belas à noite com a sua paleta de cores infinitas.
Drawing Dreaming - Guia de visita de Le Havre, Normandia
Drawing Dreaming - Guia de visita de Le Havre, Normandia
Drawing Dreaming - Guia de visita de Le Havre, Normandia
Drawing Dreaming - Guia de visita de Le Havre, Normandia
Drawing Dreaming - Guia de visita de Le Havre, Normandia - Église Saint-Joseph

  • O charme do Havre passa ainda por aventurar-se à noite pelas ruas da cidade e descobrir a ponte que nos oferece como vista aquela que é para mim a carta postal do Havre: em primeiro plano o lago do BASSIN DU COMMERCE, para lá do qual se encontram o “Vulcão” (obra de Oscar Niemeyer que pretendia representar as enormes chaminés dos navios a vapor que atracavam no porto do Havre), o memorial de guerra e ao fundo a magnífica Église Saint Joseph.
Drawing Dreaming - Guia de visita de Le Havre, Normandia
Drawing Dreaming - Guia de visita de Le Havre, Normandia - Église Saint-Joseph

informações práticas

Como chegar: Le Havre fica a cerca de 200km de Paris e é considerado um óptimo ponto de partida para explorar a Normandia. É fácil chegar a Le Havre de transportes públicos: de comboio a partir da Gare Saint-Lazare (cerca de 2h) ou de autocarro (viagem que dura entre 2h30 a 3h), com várias opções que começam nos cerca de 20€ ida e volta.

Le Havre, o porto. Este porto que me fez sentir segura, que me recordou de casa, que me fez sorrir depois de tanto tempo longe. Le Havre tem o mar e muito mais. Tem um charme que é impossível de descrever...


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Guia de visita de Le Havre, França

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4 Comentários:

Blogger Unknown disse...

Olá, tudo bem?

Eu adorei como você contou de La Havre, é uma cidade tão bonita e adorei as fotografias, ficaram maravilhosas! Nunca tinha visto a cidade e adorei conhecer um pouquinho. Uma pena que tenha um passado um pouco triste.

Beijos
ByVanessamedeiros.blogspot.com

23 de janeiro de 2017 às 18:25  
Blogger Ester Durães disse...

Muito obrigada, Vanessa! :)
Eu apaixonei-me por Le Havre! De facto, a cidade tem um passado triste, mas é incrível ver como se reergueu das cinzas para se tornar a belíssima cidade que é hoje!

24 de janeiro de 2017 às 09:35  
Blogger Cris loureiro disse...

Ora bem praias com calhaus são hoje em dia a minha realidade... aqui no Sul de Inglaterra o difícil é mesmo encontrar praias com areia. Mas se calhaus não foi novidade para mim... toda a histórias de Le Havre foi.
Pelas imagens parece-se com algumas cidades portuárias aqui de Inglaterra mas depois tem detalhes impressionantes de uma cidade cheia de vida que não ficou perdida no tempo como muitas daqui deste lado do canal.

Adorei o post

Beijinhos

25 de janeiro de 2017 às 17:57  
Blogger Ester Durães disse...

Obrigada, Cristina! :)
Provavelmente as cidades acabam por ser muito parecidas nesse aspecto sim, até porque Le Havre é uma cidade costeira bem no Norte da França...
Pessoalmente, adorei Le Havre (acho que se percebe ao ler o meu texto!). Não estava nada à espera, até porque é uma cidade de que muito poucas pessoas falam, mas Le Havre é lindíssima, tem uma atmosfera e um estilo de vida que me agradou muito... precisamente como dizes, é uma cidade que soube não ficar parada no tempo!

26 de janeiro de 2017 às 08:36  

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