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Drawing Dreaming: O Panteão de Paris ou por que decidi (re)visitar um monumento sozinha

sexta-feira, janeiro 27, 2017

O Panteão de Paris ou por que decidi (re)visitar um monumento sozinha

Drawing Dreaming - visita do Panthéon de Paris
Drawing Dreaming - visita do Panthéon de Paris

Visitei pela primeira vez o Panthéon pouco depois de ter chegado a França. Estava a passear por Paris com um colega da Disney quando este me sugeriu que visitássemos o monumento que abriga as sepulturas de algumas das mais renomeadas personalidades de França e eu nem hesitei. 
Apesar de estar grata por alguém me ter feito descobrir este monumento e de ter ficado impressionada com o mesmo logo nesta primeira visita, saí do Panthéon com aquela impressão de que não tinha realmente visitado o mesmo. Talvez deva referir que o colega que me acompanhou é igualmente guia credenciado em França e que, talvez por essa mesma razão, eu tenha ficado com a sensação de que ele me estava a mostrar este local um pouco por obrigação, um pouco naquela de "eu já visitei este sítios milhentas vezes e já sei tudo sobre ele". 
Por muito que eu adore ter companhia nas minhas viagens, por vezes sinto que ter alguém a meu lado me impede de dar a um local a atenção que realmente merece.

Segundo pesquisas de museus, o visitante médio gasta entre 15 a 30 segundos numa obra  e, como tal, é fácil sentir-se apressado por outra pessoa.
Tenho a certeza que alguns de vocês já terão tido esta sensação alguma vez na vida, estando acompanhados de alguém que não tem nenhum interesse em cultura ou que pura e simplesmente já sabe tanto que não sente a necessidade de voltar a ver os mesmos detalhes, alguém com quem nos sentimos a apressar o passo, a tirar menos fotos do que normalmente iríamos tirar ou a ler menos placas de informação do que normalmente faríamos
Sim, confesso que saí do Panthéon com aquela sensação de visita inacabada e, apesar de ter demorado algum tempo a fazê-lo, acabei por voltar sozinha. Sozinha, com calma e sem ninguém para me apressar, pronta a absorver todos os detalhes deste local histórico. E havia tanto para descobrir...

Drawing Dreaming - visita do Panthéon de Paris
Drawing Dreaming - visita do Panthéon de Paris

uma igreja que virou mausoléu

"Panteão" é um termo grego que significa "um templo de todos os Deuses", frequentemente associado a edifícios espalhados em várias cidades do mundo. O mais famoso é provavelmente o panteão original de Roma e, embora o de Paris seja cerca de 1650 anos mais jovem, este tem uma forte história religiosa que o diferenciam dos demais. 
Localizado na margem esquerda do Quartier Latin, o edifício data do final do século XVIII, quando Louis XV ordenou a construção de uma igreja dedicada a Sainte-Geneviève, padroeira de Paris. A construção viria a ser concluída em 1789 pouco antes da Revolução Francesa e quando esta arrancou a igreja católica viu-se desacreditada, pelo que o edifício acabou convertido pelo governo revolucionário num mausoléu no qual os grandes Homens franceses seriam enterrados.

Drawing Dreaming - visita do Panthéon de Paris
Drawing Dreaming - visita do Panthéon de Paris

A minha primeira (re)descoberta ao regressar ao Panthéon foi a sua magnífica fachada. Na primeira vez que o visitara mal tinha tido tempo para parar e admirar o edifício e dera por mim a seguir rapidamente o meu colega para o interior. Desta vez, fiquei de queixo caído a observar as enormes colunas e decoração em pedra e não pude deixar de reparar na famosa inscrição Aux grands hommes, la reconnaissance reconnaissante (aos grandes Homens, o grato reconhecimento), expressão a qual representa a gratidão do país aos seus heróis.

Drawing Dreaming - visita do Panthéon de Paris
Drawing Dreaming - visita do Panthéon de Paris
Drawing Dreaming - visita do Panthéon de Paris

Ao entrar no edifício, é impossível não reparar na incrível vastidão do espaço, bem com na sua forma de cruz. No centro, não há como resistir a parar e a juntarmo-nos à horda de pessoas que dirigem o seu olhar para cima para admirar a impressionante cúpula!
No intervalo de tempo entre as minhas visitas, quase me tinha esquecido da impressionante quantidade de pinturas que figuram nas paredes. Enormes à escala humana, intercaladas por colunas de pedra, estas retratam lendários momentos da história francesa (por exemplo, a vida de Jeanne d'Arc) e são um colírio para os olhos de qualquer amante de arte.

Drawing Dreaming - visita do Panthéon de Paris

No centro do espaço encontra-se o famoso pêndulo de Foucault. O pêndulo de 67 metros foi inicialmente construído dentro do Panthéon, projectado para demonstrar a rotação da Terra num experimento realizado em 1851.

Drawing Dreaming - visita do Panthéon de Paris
Drawing Dreaming - visita do Panthéon de Paris

Apesar do nível superior ser por si só deslumbrante, a parte que eu mais queria voltar a explorar é sem dúvida aquela que se revela como o destaque do Panthéon: a cripta.
Localizada na câmara subterrânea, esta é local de descanso final de personalidades francesas bem conhecidas. Entre estas contam-se os filósofos Voltaire e Rousseau (este último com alguma ironia, considerando quantas vezes teve que fugir do país), os escritores Victor Hugo, Émile Zola e Alexandre Dumas ou ainda o casal de cientistas Pierre e Marie Curie. Aliás, Marie Curie é a única mulher aqui enterrada, provando mesmo após a sua morte que é possível quebrar barreiras.
Outro personagem que acabei por descobrir foi Jacques-Germain Soufflot, cujo nome até aqui não me era de todo familiar, apenas para perceber que faz todo o sentido que este esteja aqui enterrado já que foi o arquitecto responsável pela projecção do edifício!



Apesar de todos os nomes me parecerem bem distantes no tempo, o Panthéon surpreendeu-me por continuar a manter a sua história viva. Não só isto se reflecte pelo facto de muitas alas da cripta se encontrarem vazias, à espera de futuras personalidades que mereçam a honra de para aqui serem transladadas, como pude igualmente observar uma placa recente. Esta foi revelada em 2007 pelo então presidente Jacques Chirac e foi dedicada às mais de 2600 pessoas reconhecidas como "Justos entre as Nações" ao salvarem a vida de judeus que de outra forma teriam sido deportados para campos de concentração durante a Segunda Guerra Mundial. De facto, três quartos dos judeus franceses acabaram por sobreviver à guerra em grande parte devido à ajuda de cidadãos franceses comuns que concordaram em escondê-los dos nazis e abrigá-los da perseguição anti-semita. Como tal, estes "encarnaram a honra da França e os seus valores de justiça, tolerância e humanidade".

Drawing Dreaming - visita do Panthéon de Paris

Sem dúvida que voltar ao Panthéon sozinha foi uma óptima decisão! Que pena teria sido contentar-me com um rápido vislumbre deste monumento e passar ao lado da magnífica história do mesmo!

JÁ vos aconteceu sentirem a necessidade de voltar a um museu ou monumento? qual a razão?

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9 Comentários:

Blogger Bel Sant Anna disse...

Acredita que eu não fazia ideia que tinha um Pantheon em Paris? Amo monumentos históricos como esse e já está na minha listinha do que quero conhecer na cidade.

Bjs
http://belsantanna.com/

27 de janeiro de 2017 às 20:26  
Blogger Ester Durães disse...

Isabel, tens mesmo que juntar à lista porque é magnífico! ;)

28 de janeiro de 2017 às 14:12  
Blogger Joana Cardoso disse...

Fiquei absolutamente deliciada com este post, não só pela história mas pela visão pessoal que deste. Visitei o Panteão na primeira vez que visitei Paris, mas não voltei a lá ir depois isso (quando voltei a Paris), porém ficou a vontade de o fazer, com calma tal como gosto.

Tenho a sorte de ter uma família que gosta tanto de arte como eu, portanto tentamos respeitar ao máximo o tempo que cada um decide "gastar" com as obras que mais lhes agradam. Posso dizer que fiquei 30 minutos no Prado em frente a um Caravaggio e eles esperaram por mim sem qualquer problema...mas eu também tive uma crise de choro enorme mal vi o quadro (aqueles êxtases esquisitos).

THE PAPER AND INK

30 de janeiro de 2017 às 23:33  
Blogger Ester Durães disse...

Obrigada, Joana! :) Paris tem imenso a visitar, por isso só o facto de já teres tido a oportunidade de visitar o Panteão é de louvar!
Realmente, ter alguém que nos compreende e que gosta de visitar monumentos e museus é um luxo! Da minha família, apenas a minha mãe consegue "aturar" os meus devaneios de passar horas e museus (chegámos a estar cerca de 7 horas no interior do Louvre)... é engraçado teres mencionado o museu do Prado porque voltei recentemente de uma visita a Madrid e, infelizmente, sei que terei que um dia voltar a visitar o museu porque acabei por o fazer um pouco "en passant" dada a companhia que não é muito fã de arte...
Beijinhos!

31 de janeiro de 2017 às 13:53  
Blogger Unknown disse...

Felizmente (ou infelizmente, dependendo da perspectiva) vou sempre com as mesmas pessoas a este tipo de locais - simplesmente porque outros dos meus amigos não se interessam e então não vão. A minha companhia tem gostos parecidos aos meus e demora sensivelmente o mesmo tempo que eu em cada uma das peças, por isso nunca senti necessidade de regressar sozinha para ver ao meu ritmo. Mas compreendo que, dependendo de com quem estás, queiras regressar para um olhar mais demorado. E claro, por vezes queremos apenas estar sozinhos num local que nos é querido :)

Em relação ao Panteão em si, quando estive em Paris fui visitá-lo e também gostei muito. Mas não o pude ver em toda a glória, porque parte estava em obras. Assim, terei de regressar, não é?

Mundo Indefinido

3 de fevereiro de 2017 às 20:59  
Blogger Ester Durães disse...

Felizmente já tive a oportunidade de me cruzar com algumas pessoas que têm um gosto parecido ao meu (e paciência infinita), mas nem sempre calho a viajar ou visitar monumentos e museus com essas pessoas... Acredita quando te digo que tens imensa sorte de ter companhia com gostos parecidos aos teus!
Na minha opinião, o Panteão é sem dúvida alguma um monumento que merece ser revisitado!

3 de fevereiro de 2017 às 22:11  
Blogger Unknown disse...

Ester, quanto tempo deve-se reservar para visitar o Panthéon, para que se consiga explorá-lo bem, em sua integralidade?

21 de setembro de 2017 às 21:48  
Blogger Unknown disse...

Ester, quanto tempo deve-se reservar para que se consiga cobrir o Panthéon em sua integralidade?

21 de setembro de 2017 às 21:50  
Blogger Ester Durães disse...

Thiago, depende muito de cada um... eu pessoalmente adoro História, logo recomendo reservar cerca de 1h30 a 2h para visitar o Panthéon em detalhe ;)

29 de setembro de 2017 às 21:24  

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