Um dia em Orléans: 5 coisas gratuitas (ou quase) a fazer na capital do Loire

Orléans, cidade que se situa a sul de Paris e a leste de Le Mans, é a capital da região Centre-Val de Loire, contando com mais de 300.000 habitantes.
É difícil perceber como é que esta cidade é muitas vezes ignorada no roteiro dos principais pontos turísticos do Vale do Loire, especialmente porque, apesar da sua localização central na França, uma parte significativa de Orléans acabou por escapar ilesa à Segunda Guerra Mundial, o que faz com que esta cidade conte não só com um belíssimo centro histórico, como também com várias edifícios de interesse, museus e jardins.
Se estiverem de passagem na região, recomendo-vos que visitem Orléans, nem que seja por apenas um dia! Aqui ficam cinco coisas que fazem esta cidade valer a pena um desvio...

1. seguir os passos de joana d'arc

PLACE du général de gaulle, 3Adultos: 4€ 

Orléans é muito bem conhecida pela sua associação a Joana d'Arc (igualmente chamada de Donzela de Orléans), mítica heroína francesa nascida camponesa que declarava ouvir vozes divinas que lhe indicavam que deveria guiar o então rei francês na sua batalha contra os Ingleses. Joana d'Arc ajudou a derrotar os ingleses no famoso cerco de Orléans e contribuiu para que a França ganhasse por fim a Guerra dos Cem Anos. Esta parte da História é muito importante para a França e para os franceses e, como tal, nada melhor que reviver a glória desta heroína ao descobrir a cidade sobre o Loire onde esta se tornou famosa.



Mas, afinal, quem era exactamente a mulher mais aclamada de França? Joana d'Arc ganha vida em Orléans na Maison Jeanne d'Arc, casa que é uma recriação da antiga moradia de Jacques Boucher, tesoureiro-geral do duque d'Orléans, na qual Joana d'Arc ficou de Abril a Maio de 1429, aquando do cerco de Orléans. A casa original, na mesma localização, foi completamente destruída durante os bombardeamentos de Junho de 1940, sendo o edifício reconstruído de 1961 a 1965. Com recurso a um filme panorâmico e ecrãs interactivos, este pequeno museu retraça a vida da heroína desde o seu nascimento em Domrémy, passando pelas vozes divinas que lhe ordenaram que lutasse contra os ingleses, à sua campanha victoriosa em Orléans em 1429 e à campanha fracassada para retomar Paris que culminaria na sua captura, julgamento e morte na fogueira em 1431.

Apesar da temática de Joana d'Arc ser para mim bastante interessante, confesso que achei que este museu (ainda que valha a pena uma visita) fica um pouco aquém do incrível Historial Jeanne d'Arc que visitei em Rouen, muito mais completo nas informações que fornece sobre a história desta heroína!

A ler também: um dia em rouen: 10 coisas a fazer na capital da normandia

2. visitar a catedral sainte-croix

PLACE sainte-croixAcesso gratuito

Depois de visitarem a Maison Jeanne d'Arc, sigam pela ampla avenida à vossa frente, a Rue Jeanne d'Arc, da qual avistarão ao fundo o monumento que é conhecido como símbolo de Orléans: a Catedral Sainte-Croix.
Esta catedral constitui um belo exemplo da arquitectura gótica do início do século XVII, tendo desempenhado um papel importante na história de Orléans e resistido a vários ataques e guerras.

Os joanófilos irão sem dúvida apreciar a visita à catedral por ter sido nesta que Joana d'Arc orou durante a campanha de Orléans. De facto, não faltam aqui elementos que evocam a memória da heroína da cidade: no seu interior, dez belíssimos vitrais retratam a vida da Donzela de Orléans e uma capela foi completamente consacrada à Santa Joana, incluindo uma estátua em mármore branco da heroína; na Torre Norte, um sino de seis toneladas possui o nome de Joana d'Arc; já na praça da catedral, poderão admirar baixos-relevos que evocam esta personagem e a sua história.

Mesmo para quem não admira Joana d'Arc, a Catedral Sainte-Croix não deixa de ser o monumento histórico mais importante da cidade, quer pelo seu estilo gótico impressionante - do qual se destaca a incrível ornamentação em pedra, particularmente na fachada, a qual possui três grandes janelas redondas e duas torres quadradas -, como também pelas suas passadas origens, sendo inclusivamente possível ver ao lado da catedral vestígios das antigas muralhas que cercavam a cidade romana original de Cenabum.

3. admirar a antiga câmara municipal

PLACE de l'étape, 2Acesso gratuito 

Sigam pela Place de l'Étape, onde irão encontrar aquela que é uma das mais esplêndidas casas de Orléans: o Hôtel Groslot. Impossível ficar indiferente a este edifício ornamentado em tijolo vermelho do século XVI ou não fosse este parte da História da cidade.

Este edifício renascentista era a antiga casa particular do conselheiro municipal da cidade, Jacques Groslot, tendo aqui ficado hospedados reis e rainhas.
nota: quem é fã da série reign vai particularmente apreciar o facto de por aqui terem passado cathérine de médicis, mary stuart, já para não falar que foi na realidade no hôtel groslot que faleceu francis ii.

A casa acabou por passar para o governo local depois da Revolução Francesa, começando a funcionar como câmara municipal, pelo que sofreu na altura várias reformas tanto ao nível da estrutura como da decoração interior.

Enorme marco histórico de Orléans, o hotel é sem dúvida alguma um dos monumentos mais bonitos que visitei! Logo do exterior, é possível observar em destaque uma estátua de Joana d'Arc, cópia em bronze de um original em mármore da estátua que a princesa Marie d'Orléans, filha do rei Louis-Philippe, ofereceu à cidade em 1841. A estátua contem vestígios de estilhaços de uma bomba que atingiu a vizinha Catedral em 1944.

a chaminé que relata a vida de joana d'arc desde domrémy (onde ouviu vozes divinas), passando por orléans (onde contribuiu para o levantar do cerco) e reims (na coroação de charles VII)

reprodução do famoso quadro de ingres

No interior, a decoração não deixa de surpreender, sendo possível admirar o antigo escritório do presidente da câmara ou os salões do conselho, bem como o salão onde actualmente ainda se realizam casamentos. 

Aqui há ainda muitos elementos de decoração que relembram a vida de Joana d'Arc, tais como vitrais, uma chaminé sobre a qual figuram relevos que representam três episódios da sua vida e mesmo uma reprodução do famoso quadro de Ingres que representa Joana d'Arc na coroação de Charles VII (o original encontra-se no Louvre).

4. percorrer O MUSEU DE BELAS-ARTES

rue fernand rabier, 1ADULTOS: 4€ 

Mesmo em frente ao Hôtel Groslot, ao lado do Posto de Turismo, fica o Museu de Belas-Artes de Orléans, o qual possui uma colecção extensa de pinturas e obras de arte, as quais na sua maioria datam dos séculos XVI a XVIII e incluem obras-primas do renascimento italiano (de artistas tais como Correggio, Tintoretto ou Veronese), obras de Gauguin (que cresceu em Orléans), uma pintura famosa do apóstolo São Tomás por Velásquez, além de uma secção dedicada à representação de Joana d'Arc, sobretudo a partir da segunda metade do século XIX, quando esta se tornou um assunto político em França, com os republicanos a verem nela uma figura de combatente próxima do povo, enquanto que os monárquicos privilegiavam a sua missão divina. 'A Entrada de Joana d'Arc em Orléans' pintada por Jean-Jacques Scherrer em 1887 é considerada a obra-prima desta colecção.

O bilhete dá igualmente acesso ao Museu Histórico e Arqueológico de Orléans, o qual acaba por completar a visita do primeiro com uma sala completamente dedicada a Joana d'Arc, na qual é possível seguir um percurso de visita cronológico através de uma selecção de obras de arte e de objectos populares que vão desde o Renascimento aos nossos dias.

5. CAMINHAR PELA CIDADE

Apesar de Orléans ser uma cidade bastante compacta e os seus principais monumentos se encontrarem muito próximos, ainda assim vale a pena explorará-la a pé, já que esta conta com alguns pontos de interesse mais dispersos!

Em primeiro lugar, não deixem de visitar a Place du Martroi, uma grande praça aberta cercada por inúmeros edifícios imponentes e a qual constitui um local simbólico da cidade por no seu centro se encontrar uma grande estátua equestre em bronze de Joana d'Arc do século XIX. O pedestal, cujos baixos-relevos representam diversas cenas da vida de Joana desde as vozes em Domrémy à sua morte pela fogueira em Rouen, acabou danificado durante os combates de Libertação em 1944, tendo os originais sido retirados em 1987 (actualmente encontram-se no Museu de Belas-Artes) e substituídos por moldes.

Da praça sigam pela Rue Royale até chegarem a uma impressionante ponte de pedra, a Ponte Georges V, uma ponte histórica sobre o rio Loire que vale a pena atravessar, quanto mais não seja pelas incríveis vistas panorâmicas da Catedral Sainte-Croix e da cidade!

Voltem para a outra margem por forma a explorar o centro histórico de Orléans, a grande área que se estende entre o rio e a Catedral. Aqui encontrarão a icónica Place du Châtelet, uma praça aberta alinhada com grandes casas em enxaimel medievais. Apesar das suas pitorescas casas históricas, toda esta área foi renovada e poderão igualmente encontrar aqui restaurantes, cafés ou lojas.

como chegar

De comboio: A partir de Paris, apanhem um comboio na Gare d'Austerlitz. Os comboios para Orléans são os da linha que tem como destino final a cidade de Tours. A viagem dura pouco mais de 1h e o preço do trajecto começa nos 10€.

De autocarro: Em alternativa, podem fazer o trajecto Paris-Orléans de autocarro. Este foi o meu caso e pessoalmente recomendo-vos a Ouibus, a qual propõe viagens entre as duas cidades com uma duração de cerca de 1h30 por apenas 5€ o trajecto. Ao chegarem a Orléans, apanhem a linha B do tramway da estação Georges Pompidou até ao centro da cidade.

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